Jogo didáctico- criatividade musical

Introdução, propostas de utilização e manual de 
 
Este baralho de cartas foi elaborado, primeiramente, com o intuito de ser explorado como ferramenta pedagógica, de forma lúdica. Uma proposta para professores de música, que possibilitasse a aprendizagem através de um contacto criativo e divertido com o material sonoro, levantando questões nos alunos e requerendo nestes a elaboração de tarefas que pressupõem determinados conhecimentos, que, se já não tendo sido adquiridos, consequentemente os induzisse a apurar a curiosidade que levasse à resolução das tarefas propostas. Em resumo, como meio de iniciação à composição ou até à improvisação.
Embora possa também ser usado como um estímulo à criatividade, ou para desbloqueamento da mesma, em pessoas que possam ter trabalhado durante a sua vida com música, mas que, por alguma razão, nunca tiveram a oportunidade de criar algo musicalmente, ou também para pessoas que lhes pareça uma realização extremamente complexa, ou jogo para músicos, ou até, alternativa de método de criação em contexto individual, ou em grupo. 
Em contexto pedagógico, poderá servir para introduzir ou aprofundar novos conteúdos. Em qualquer contexto, pode ser usado de variadas maneiras.
Em contexto de aula de formação musical, uma sugestão é que se divida a turma em vários grupos. O baralho é usado para a realização de uma música, ou parte dela, por grupo. Poder-se-á utilizar o baralho todo ou introduzir o trabalho a partir da escolha de apenas uma carta. Se cada grupo trabalhar numa parte estruturante duma música, poder-se-ão juntar todas no final, ficando apenas por resolver a ordem em que aparecerão e as pontes entre todas.
No intuito de incutir um espírito de competição, (o que poderá trazer uma maior motivação ao jogo, numa turma mais jovem), sugere-se haver no final uma votação para a música mais apreciada pela turma.
Poder-se-à também usar uma carta, à sorte ou com determinado objectivo pedagógico, como desafio para toda a turma ou vários grupos.
O baralho em si constitui-se por três partes diferentes relativas a: ritmo, harmonia e elementos surpresa. Esta divisão é facilmente identificável na diferença dos desenhos, no verso das cartas.
Tanto nas cartas de ritmo, como nas de harmonia, entre outras coisas, estão discriminadas estruturas, que serão utilizadas para a organização e realização do material sonoro.
Nas cartas de harmonia é requerido a utilização das escalas mais usadas frequentemente pela música ocidental, nomeadamente as escalas maiores, menores, modos gregos, mas outras também, como as hexáfonas ou pentatónicas. Além destas, também é requerido neste grupo de cartas a elaboração de estruturas sonoras inventadas pelo jogador, assim como linhas melódicas que tenham como funções: baixo, contracanto ou ostinato. Para finalizar, neste grupo são propostas a elaboração de texturas sonoras e progressão harmónica.
Nas cartas referentes ao ritmo é sugerido a modelação de material sonoro a partir da criação de células de 2, 4 ou 8 compassos. Também neste grupo de cartas encontram-se as que indicam a criação através de compassos simples, compostos ou mistos, que poderão complementar as cartas relativas às células com números de compassos, assim como as cartas de métrica inventada ou aproveitada de uma palavra ou ideia, ideia esta, que poderá remeter a uma frase, como conjunto de palavras, ou ideia rítmica. Além destas, neste grupo está contida uma carta que introduz a criação dum ostinato rítmico.
As cartas referentes aos elementos surpresa contêm vários gráficos que se pretende serem traduzidos em ideias musicais, contendo estas cartas a proposta de uma tradução de motivo visual em musical, o que poderá ser menos acessível a pessoas com menos experiência musical, podendo por esta razão ser retiradas do baralho. Há uma carta em que é requerido a técnica de espelho, nome de técnica utilizada em composição, e o elemento surpresa em si mesmo, em que se pretende que haja transformação no material já realizado e que haja criação de elementos que tragam novidade e imprevisibilidade ao que está realizado até então.